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2 de março de 2021

Visão cautelosa com Brasil e mais construtiva com economia global leva Ibiuna a capturar bons resultados para multimercados

A equipe de gestão dos fundos espera maior tração na atividade a partir do meio do ano e um investimento pró-risco pela imunização contra o coronavírus e magnitude dos estímulos fiscais e monetários.

Uma visão cautelosa com Brasil e mais construtiva com a economia global levou a Ibiuna a capturar bons resultados para os seus multimercados em fevereiro e neste início de 2021. A carteira mais alavancada da casa, o Hedge STH, por exemplo, fechou o mês passado com valorização de 3,33%, com o acumulado do ano em 2,5%.
Posições tomadas em juros em diferentes países, com base na tendência de as economias voltarem a ter inflação e uma rápida recuperação pós-covid-19, balizaram o desempenho, conforme descrito na carta aos cotistas. Localmente, a carteira refletiu a fragilidade dos fundamentos locais em meio a ruídos na cena política e um passo lento na vacinação.

A gestão dos multimercados – liderada por Mario Torós e Rodrigo Azevedo – , espera maior tração na atividade a partir do meio do ano e um investimento pró-risco pela imunização contra o coronavírus e pela magnitude dos estímulos fiscais e monetários ainda em ação nas economias centrais. A expectativa é de um dólar mais depreciado, com commodities em alta e o início da precificação de altas de juros mundo afora e inflação nos preços dos ativos financeiros.

Nesse ambiente, é normal a ocorrência de períodos de consolidação e volatilidade diante de uma precificação mais rápida e prematura da altas de juros nas economias desenvolvidas (vide o fim de fevereiro). Ainda assim, vemos o impulso à retomada como suficientemente forte para justificar a manutenção de um panorama construtivo”, escreve a equipe da Ibiuna.

Já no Brasil, a percepção é que a retomada será afetada pelo contraste entre o recrudescimento da pandemia e a descoordenação e falta de planejamento para avançar no processo de vacinação.
À essa incerteza se adicionam o impacto fiscal da extensão do auxílio emergencial com tímidas contrapartidas de ajuste e o risco de uma guinada populista da política econômica destinada a reforçar a popularidade do presidente Bolsonaro”, citam os gestores. “Seguimos, assim, céticos com a capacidade do governo em avançar com uma agenda de reformas ampla e fiscalmente responsável mas custosa politicamente nos dois anos finais do mandato presidencial.

O cenário mais controverso inclui ainda uma alta relevante da inflação que se mostra mais persistente do que se previa. Apesar do baixo crescimento, a Ibiuna espera que o Banco Central (BC) inicie novo ciclo de alta de juros já neste mês. “Períodos de estagflação raramente favorecem a performance de ativos de risco. Esse panorama nos sugere cautela com o potencial dos ativo do país neste momento.”

Sob esse pano de fundo, na renda fixa a Ibiuna concentra no Brasil posições de valor relativo em juros real e em inflação implícita. Fora do país, a casa tem privilegiado posições tomadas em juros nos EUA, Alemanha, Inglaterra, Canadá, Chile, Colômbia e África do Sul, mas também já reduziu o tamanho delas depois de uma alta forte nas curvas em fevereiro.
Na bolsa, a elevação da volatilidade levou a gestão a diminuir taticamente a exposição direcional via índices nos Estados Unidos, Japão e em mercados emergentes. Mantém ainda posições direcionais no Brasil, mas também long short.

(Esta reportagem foi publicada originalmente no Valor PRO, serviço de informações e notícias em tempo real do Valor Econômico)